segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Ipê roxo, óleo de coco e outras histórias

DSCN9809.JPGIpê roxo,
óleo de coco e outras histórias
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Primeiro foi o olhar de Caminha, ao falar que era uma terra onde se plantando tudo dá. Uma terra chã, cheia de riquezas. E começou a extração de pau brasil. Mas precisavam ocupar o território sistematicamente,  a presença deveria ser constante, não bastava ter uma carta ao Rei, marcando um descobrimento e uma posse. Precisavam de uma estratégia para ocupação da terra descoberta. Implantaram a cana de açúcar, para adoçar suas vidas, a dos que chegavam,  e abarrotar os seus cofres, que estavam distantes. Tinham o argumento de competir com outras terras, e seria bom para o Brasil. Trouxeram mudas das plantas, de seus locais de origem. E chegou o período chamado de ciclo da cana de açúcar, um prato cheio para Gilberto Freyre escrever suas teorias e histórias. Com o açúcar implantado, chegou a vez do gado, não dava para viver de caças e coletas silvestres. O gado ofereceria a carne e puxava o arado. O charque era importante para os excursionistas, em busca de riquezas. Comprovado com Entradas e Bandeiras. Na bagagem: charque, rapadura e farinha; pólvora e chumbo. Aconteceu um ciclo do ouro.

Passou o ciclo exploratório, chegou um novo ciclo colonizador, atualizado, com ares tecnológicos de futuro. E veio o ciclo da borracha. O que era uma cultura de extrativismo, passou a ser uma cultura intensiva, com a extensividade da terra. No mundo eclodiu a indústria de automóveis, com leis e regras administrativas, produção em série nas fábricas. Ford criou leis e teorias nas fábricas, mas precisava de quem produzisse borracha, para os pneus de seus carros. E nada melhor que criar uma concorrência nos seringais. Colocou o Brasil concorrente de outras terras, na produção de borracha. Novamente disseram ser bom para o Brasil, agora o comércio de borracha.

Com o abertura dos portos e aumento do uso de navios, uma outra planta foi implantada, por métodos não tradicionais ao atravessar as fronteiras. Uma muda foi retirada de um país vizinho.E diversas mudas foram transplantadas. A plantação de café foi adentrando pelo país até encontrar um ambiente propício, para serem implantados por grandes extensões de terras, os cafezais. Chegou o período político denominado café com leite, onde os governos provinham de candidatos de Minas ou de São Paulo. E o café como produto de exportação foi alcunhado de ouro negro. Um bom negócio para o Brasil. O nome do Brasil iria estampado nas sacas, desembarcadas no estrangeiro..

E chegou a indústria automobilística, já nacionalizada, implantada com tecnologia estrangeira, e fartura de minério de ferro. A siderúrgica em Volta Redonda, localizada entre Minas e São Paulo, produzia as chapas e mercado para  outras indústrias. Além da indústria automobilística, poderiam produzir fogões e geladeiras, com as chapas planas das siderúrgicas. E indústrias siderúrgicas se instalaram entre o estado de Minas Gerais e o estado de São Paulo, no Vale do Paraíba, sendo as mais importantes Volta Redonda e Barra Mansa no estado do Rio de Janeiro. Um lugar entre as reservas minerais e inúmeras indústrias no estado de São Paulo, o maior mercado consumidor, com o principal porto brasileiro, em Santos. O lugar onde um dia desembarcavam os imigrantes, para implantar uma agricultura.

A cana de açúcar que adoçava as mesas, ganhou uma  outra função, a de ser combustível de carros. Deixando assim o petróleo para outras necessidades, como gás de cozinha e óleo diesel, importantes na cozinha e no transporte de trabalhadores e alimentos. Outros resíduos agrícolas foram pesquisados e destinados a fabricação de outros novos combustíveis, como o biodiesel. E agricultura vai deixando a mesa para movimentar automóveis. Também já foi testada em aviões. O petróleo vai se tornado mais importante,até que se torne raro..

Hoje o destaque no campo e na agricultura, com uma variedade de transportes, carretas, abertas ou fechadas, com ou sem containers, do campo ao porto, é o milho e a soja. Elementos básicos para a ração de animais. O melhor trigo para o pão, continua sendo o importado. Rações destinadas a criação de animais, que têm suas vidas rastreadas desde o útero materno. aos expositores em supermercados, em bandejas, expondo suas partes e fatiadas. E qualquer falha detectada no rastreio, pode condenar a carne para o uso humano. Pode criar barreiras agrícolas e pecuárias para outros países na exportação. Uma falha no processo rastreado, pode tornar a carne em ração, para uso da pecuária interna, Não servindo para exportação.

As milhas marítimas como recurso pesqueiro também já esteve em voga. Mas hoje acordos internacionais ou carência e deficiência de fiscalização, permite que barcos pesqueiros estrangeiros façam pescas, transportem o pescados para seus países e embalem o pescado com suas embalagens e rótulos, voltando o peixe para o Brasil, tratado ou industrializado. Volta como produto importado. Os barcos pesqueiros estrangeiros usam portos brasileiros, como pontos de abastecimento de víveres e combustíveis. E em terra acontece a criação em viveiros com técnicas importadas.

O top do momento, é o uso do óleo de coco, com infinitas utilidades, para emagrecimento e fortificante. Isento de gorduras nocivas, assim dizem alguns médicos e autores. E dizem que do coqueiro tudo se aproveita: as folhas, a palha, a casca, a água e a polpa. Tal como um dia disseram do gado, que tudo era aproveitado, exceto o berro. Outros produtos vegetais já estiveram em moda; o ipê roxo e o amarelo. A babosa com nome especial de Aloe vera;  o quebra pedra, e outras tantos de produtos vegetais..

O uso de palma, anteriormente já testado e usado na alimentação de animais, já teve seu uso cogitado, em ser usada na alimentação das escolas. Uma merenda escolar classificada como de alto valor nutritivo. Só falta agora pesquisarem o capim, que pode gerar saladas cruas e frias, um consumo in natura, sem a necessidade de uso do fogo, utensílios ou de geladeira. Estaria disponível diretamente nos pastos.. Lembrando que no tempo da escravatura, nem tudo era permitido comer aos que estavam na condição de escravos. E incutiram em suas mentes que manga com leite poderia fazer mal. Estavam permitidos a chupar as mangas caídas no chão, mas seus controladores precisavam de uma estratégia, que não consumissem o leite, que era destinado a casa grande, um produto da indústria do queijo que gerava uma renda aos donos de fazendas.

Muitos hoje ainda insistem e defendem, que é possível viver de sal turismo e vento. A extração e exportação de sal, turismo com gastronomia ao gosto internacional e energia eólica. O sal da moda é o importado, dizem ser o melhor, de montanhas da Ásia, no Himalaia. Água mineral, dizem ser as melhores, vindas França. Caxambu, São Lourenço e Cambuquira, não lhes servem. E a Nestlé, já diz que a água não é um direito humano, pode ser explorada. E o Brasil possui grandes aquíferos.

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RN, 30/01/2017

DSCN9809.JPGRoberto Cardoso (Maracajá)

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